19 de novembro de 2010

Sindrome do Terceirão


     Aula de História, que tédio. Meus olhos pesaram enquanto eu tentava prestar atenção no que o professor dizia.
     “E Julio César foi morto por Brutus...” Dizia ele, mas eu já estava inconsciente sobre a mesa da minha carteira.
     Odiava história. Nem sei como eu passei nessa matéria por tanto tempo sem entender nada. Acho que eu colei na maioria dos anos, porque se alguma vez eu estudei realmente essa matéria, então, as informações devem ter se esfacelado na minha cabeça – como quase tudo que entra nela.
     Não pense que sou burra – Isso eu nunca fui. Tanto é que já estou no terceiro ano do segundo grau. Milagre esse, eu nunca reprovei. O segredo é demonstrar interesse na aula, apesar de você não estar ouvindo bulhufas, sempre assente com a cabeça nas horas certas – seja lá qual forem.
     Porém hoje eu não estava nem um pouco a fim de interpretar uma boa aluna. Deve ser a síndrome do terceirão que a professora de biologia sempre nos alertara no ano passado: “Não vão pegar a síndrome do terceirão. – Dizia ela – Sempre achando que já estão passados e não estão nem ai pra nada.” ― É talvez seja isso. Não me sinto culpada por pegar a tal da síndrome. Ela me parece tão comum por aqui. Levantei a cabeça para dar uma espiada nos meus colegas de classe.
     Liz, minha melhor amiga, desenhava na base do caderno, tão entediada quanto eu. O Henrique brincava com os cabelos da Tina. Fora outros colegas de classe que não estavam nem ai pro que o Brutus fez ou deixou de fazer com o Julio César. Alguns eu nem sei o nome – afinal, tem umas cinquenta pessoas na minha turma.
     O professor continuava falando, mas eu só conseguia ouvir blábláblá. Eu sabia que mais pra frente, na hora da prova, eu iria me arrepender disso – Tipo, Julio César era imperador de quem mesmo? – Patética.
     Na primeira carteira, bem de frente à mesa do professor, estava Cristal – o nome era americanizado, de tal modo que se pronuncia C“RR”istal, apesar de ela ser brasileira – tai outra coisa patética.
     Cristal era símbolo de inveja. Sotaque carioca, nariz empinado, dentes perfeitamente alinhados e brancos, cílios enormes e cabelo castanho liso até a cintura. Uma mistura perfeita de tudo que você gostaria de ser. Ela é perfeita em todos os sentidos da palavra. Uma aluna excepcional. Simpática com todos que a cercam – Ou melhor, falsa com todos que a cercam. Um nojo, em minha opinião.
     Parei de observar os outros e voltei a dormir.
     Acordei na aula de química, duas aulas depois. A professora estava me olhando de cara feia. Ela me assusta.
     vamos! ela dizia.
     Vamos pra onde mulher?! Eu pensava.
      É pra você ir para a diretoria. Cochichou Liz para mim, percebendo a confusão dos meus olhos.
     Ótimo. Pensei ironicamente.
     Eu me levantei e sai da sala. Todos os olharem em mim. Perfeito. Mais uma advertência para a minha coleção. – bem, não dá para fingir ser SEMPRE uma boa aluna, eu ocasionalmente dava alguns deslizes. Tinha três advertências ao todo.

3 comentários:

  1. Gostei, é bem o que acontece nas escolas hoje em dia [me incluo nessa ^^]

    [achei o blog por acaso --- Continue escrevendo que eu continuo lendo ]

    bjs slyfer052

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@ErikaFerronatto

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